TEXTOS EDUCATIVOS
Neste espaço você encontrará muitos textos acerca de diversos temas. Entre eles as diversas formas de linguagem.
SUA VISITA ME ALEGROU!
sábado, 5 de junho de 2010
O Mito da Caverna – Platão
Imaginemos uma caverna subterrânea onde, desde a infância, geração após
geração, seres humanos estão aprisionados. Suas pernas e seus pescoços
estão algemados de tal modo que são forçados a permanecer sempre no
mesmo lugar e a olhar apenas para frente, não podendo girar a cabeça nem
para trás nem para os lados. A entrada da caverna permite que alguma luz
exterior ali penetre, de modo que se possa, na semi-obscuridade, enxergar
o que se passa no interior.
A luz que ali entra provém de uma imensa e alta fogueira externa. Entre
ela e os prisioneiros - no exterior, portanto - há um caminho ascendente ao
longo do qual foi erguida uma mureta, como se fosse a parte fronteira de um
palco de marionetes. Ao longo dessa mureta-palco, homens transportam
estatuetas de todo tipo, com figuras de seres humanos, animais e todas as
coisas.
Por causa da luz da fogueira e da posição ocupada por ela, os prisioneiros
enxergam na parede do fundo da caverna as sombras das estatuetas
transportadas, mas sem poderem ver as próprias estatuetas, nem os
homens que as transportam.
Como jamais viram outra coisa, os prisioneiros imaginam que as sombras
vistas são as próprias coisas. Ou seja, não podem saber que são sombras,
nem podem saber que são imagens (estatuetas de coisas), nem que há
outros seres humanos reais fora da caverna. Também não podem saber
que enxergam porque há a fogueira e a luz no exterior e imaginam que toda
a luminosidade possível é a que reina na caverna.
Que aconteceria, indaga Platão, se alguém libertasse os prisioneiros? Que
faria um prisioneiro libertado? Em primeiro lugar, olharia toda a caverna, veria os outros seres humanos, a mureta, as estatuetas e a fogueira. Embora dolorido pelos anos de imobilidade, começaria a caminhar, dirigindo-se à entrada da caverna e, deparando com o caminho ascendente, nele
adentraria.
Num primeiro momento, ficaria completamente cego, pois a fogueira na
verdade é a luz do sol, e ele ficaria inteiramente ofuscado por ela. Depois,
acostumando-se com a claridade, veria os homens que transportam as
estatuetas e, prosseguindo no caminho, enxergaria as próprias coisas,
descobrindo que, durante toda sua vida, não vira senão sombras de imagens
(as sombras das estatuetas projetadas no fundo da caverna) e que somente
agora está contemplando a própria realidade.
Libertado e conhecedor do mundo, o prisioneiro regressaria à caverna,
ficaria desnorteado pela escuridão, contaria aos outros o que viu e tentaria
libertá-los.
Que lhe aconteceria nesse retorno? Os demais prisioneiros zombariam
dele, não acreditariam em suas palavras e, se não conseguissem silenciá-lo
com suas caçoadas, tentariam fazê-lo espancando-o e, se mesmo assim,
ele teimasse em afirmar o que viu e os convidasse a sair da caverna,
certamente acabariam por matá-lo.
(Extraído do livro “Convite à Filosofia” de Marilena Chaui).
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário