TEXTOS EDUCATIVOS

Neste espaço você encontrará muitos textos acerca de diversos temas. Entre eles as diversas formas de linguagem.

SUA VISITA ME ALEGROU!

sábado, 3 de dezembro de 2011

DEUS É SOBERANO! BUSQUE A ELE!





Um soldado foi pego rastejando de volta ao quartel vindo dos bosques vizinhos. Levado até o oficial comandante foi culpado de estar se comunicando com o inimigo. O homem afirmou que tinha ido aos bosques para orar sozinho. Foi sua única defesa.

— Ajoelhe-se e ore agora! Você nunca precisou tanto — Bradou o oficial.

Esperando morte imediata, o soldado se ajoelhou e derramou sua alma numa eloquente oração.

— Pode ir — disse o comandante, — acredito em sua história. Se você não orasse tão frequentemente não teria feito tão bem esta oração.

A hora de aprender a nadar é quando as águas estão calmas — não quando a maré está subindo. A hora de aprender a orar como um hábito de vida é agora— não quando a maré da vida muda com repentina fúria.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

segunda-feira, 11 de julho de 2011

PREPARAÇÃO DE RESUMO EXPANDIDO PARA JEPEX





Primeiro Autor1, Segundo Autor2 e Terceiro Autor3


Introdução
Estas instruções têm como objetivo auxiliar os autores a preparar o resumo expandido para a VII JEPEX. O resumo expandido deverá ter, no máximo, três páginas. Deste total, pelo menos duas páginas devem ser dedicadas para o texto. As ilustrações (gráficos e figuras) devem ser colocadas na última página (terceira página). Os trabalhos serão revisados pela Comissão Científica da VII JEPEX, podendo ser aprovados ou rejeitados. Os trabalhos aprovados serão publicados, eletronicamente, nos Anais do evento.

Quando você abrir o arquivo modeloexpand.doc, utilizando o Microsoft® Word, selecione “Layout de impressão” a partir do menu “Exibir” na barra de ferramentas (Exibir | Layout de impressão), permitindo que seja exibida a nota de rodapé. Não altere o tipo e tamanho das fontes ou espaço entre as linhas para adicionar mais texto ao número limitado de páginas. Da mesma forma, não altere o tamanho das páginas nem as margens deste modelo.

Material e métodos
A. Submissão
O resumo expandido deve ser submetido como um arquivo que será anexado em formulário eletrônico específico, através da homepage do evento. O tamanho máximo do arquivo não deverá exceder dois (2) MBytes.
B. Estrutura do resumo
O resumo expandido deve estar formatado segundo este documento modelo, como um arquivo do Microsoft® Word. A fonte do texto é o Times New Roman. A formatação do texto é em duas colunas. O trabalho deve conter uma Introdução (incluindo objetivos), Material e Métodos, Resultados, Discussão (Resultados e Discussão podem estar reunidos), Agradecimentos e Referências.
Na lista de autores, sublinhe o apresentador do trabalho e não abrevie o nome dos autores (nome seguido do sobrenome). As filiações deverão ser citadas na nota de rodapé, na primeira página, juntamente com as fontes financiadoras do trabalho. Não haverá palavras-chave. Os nomes científicos, incluindo os gêneros e categorias infragenéricas, devem estar em itálico. Siglas e abreviaturas, quando usadas pela primeira vez, devem ser precedidas do seu significado por extenso, como no exemplo: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Autores das espécies devem ser citados apenas na primeira vez que aparecem no texto. Números até dez, devem estar por extenso, a menos que sejam seguidos de alguma unidade de medida, ou indiquem figuras ou tabelas. Subtítulos devem estar em itálico, após letra maiúscula e ponto (A. Anatomia do pecíolo, por exemplo). Use itálico para ênfase; não use sublinhado.

Resultados
A. Figura e Tabelas
Figuras, gráficos e tabelas devem ser posicionadas na última página, após as Referências. Para inserir figuras no Microsoft® Word posicione o cursor no ponto de inserção e use Inserir | Figura | Do arquivo. Recomenda-se a inserção de figuras no formato JPG, em qualidade média (qualidade 8 a 10, no Adobe® Photoshop). Figuras coloridas serão permitidas. Todas as figuras deverão ter resolução máxima de 300 pontos por polegada. Recomenda-se a criação de uma única estampa, contendo várias figuras reunidas, numa largura máxima de 17 centímetros (duas colunas). As legendas devem ser posicionadas abaixo das figuras. Alternativamente, legendas podem estar presentes na página anterior, caso seja criada uma estampa de 17 x 25,7 cm (página inteira). Título de tabelas deve estar acima das mesmas. Sempre verifique que as figuras e tabelas estejam citadas no texto. As escalas podem fazer parte da própria figura, com o seu valor correspondente, ou discriminadas na legenda (como por exemplo, "Escala= 1 µm”). Abre-viaturas nas figuras (sempre em minúsculas) devem ser citadas nas legendas e fazer parte da própria figura, inseridas com o uso de um editor de imagens (Adobe® Photoshop, por exemplo). Não use abreviaturas, escalas ou sinais (setas, asteriscos) sobre as figuras como “caixas de texto”. Não use bordo ao redor das figuras. Use “Figura”, seguido do número da figura, (ambos em negrito) no início da legenda (Figura 1, por exemplo; não abrevie). No texto, use abreviaturas (Fig. 1, por exemplo). Se a figura é composta de várias outras menores, inclua “A” e “B” para distingui-las, no canto inferior esquerdo de cada, colocando na legenda Fig. 1A, Fig. 1B e assim por diante. Não abrevie “Tabela” nas legendas. Tabelas são numeradas com números arábicos (Tabela 1, por exemplo). Use fonte 8 ou 9 na tabela.
B. Referências
Numere as citações, consecutivamente, entre colchetes [1], na ordem em que aparecem no texto. Múltiplas referências serão numeradas no interior de colchetes, separadas por vírgulas [2,3]. Ao citar nomes de autores no texto, siga os seguintes exemplos: Lillie [2], Souza & Barcelos [5] e Mariath et al. [3]. Ao citar capítulos de livros, não se esqueça dos números das páginas (inicial e final). Não citar resumos de Congressos.

Discussão
Não use “Ref. [3]” ou “referência [3]” no texto. Nas Referências, cite todos os autores; não use “et al.”, a menos que haja seis autores ou mais. Use vírgula e espaço antes das inicias dos nomes dos autores. Citações de páginas encontradas na Internet são permitidas e devem seguir o exemplo [5]. Trabalhos que tenham sido aceitos para publicação devem ser citados como “aceitos para publicação”.

Agradecimentos
Na seção Referências, por favor, dê as filiações e e-mail de comunicações pessoais. Apenas a primeira inicial do título deve estar em maiúscula, exceto nomes próprios ou gêneros.

Referências
[1] BETHKE, P.C.; SWANSON, S.J.; HILLMER, S. & JONES, R.L. 1998. From storage compartment to lytic organelle: the metamorphosis of the aleurone protein storage vacuole. Annals of Botany, 82: 399-412.
[2] LILLIE, R.D. 1965. Histopathologic Technic and Practical Histochemistry. New York, McGraw-Hill Book Company. 751p.
[3] MARIATH, J.E.A.; COELHO, G.C.; SANTOS, R.P.; HEUSER, E.D.; AYUB, D.M. & COCUCCI, A.E. 1995. Aspectos anatômicos e embriológicos em espécies do gênero Ilex. In: WINGE, H; FERREIRA, A.G.; MARIATH, J.E.A. & TARASCONI, L.C. (Eds.). Erva-Mate: Biologia e Cultura no Cone Sul. Porto Alegre: Editora da Universidade-UFRGS. p.263-280.
[4] SANTOS, R.P. 1995. O andrófito de Ilex paraguariensis A.St.Hil. (Aquifoliaceae): estrutura e citoquímica do tubo polínico e grão de pólen. Dissertação de Mestrado, Curso de Pós-Graduação em Botânica, UFRGS, Porto Alegre.
[5] PUNT, W.; BLACKMORE, S.; NILSSON, S. & LE THOMAS, A. 1999 [Online]. Glossary of pollen and spore terminology. Homepage: http://www.bio.uu.nl/~palaeo/glossary/glos-int.htm


Tabela 1. Resumo das principais características citológicas dos andrósporos/andrófitos, esporoderme e principais mudanças nas células do tapete de Ilex paraguariensis, durante diferentes estádios de desenvolvimento.

Andrósporo/andrófito Esporoderme Tapete
Citocinese Meiócitos com núcleos em posição tetraédrica; citoci¬nese simultânea. Ausente Paredes celulares intactas; retí¬culo endoplasmático com cister¬nas dilatadas e associadas a lipí¬dios
Tétrade com calose I Abundantes vesículas dicti-ossômicas com conteúdo eletrodenso; retículo endo-plasmático alinhado nas futuras zonas de abertura Material fibrilar eletrodenso e vesículas depositadas entre a plasmalema e a parede de ca¬lose
Tétrade com calose II Dictiossomos com vesícu¬las; retículo endoplasmático associado às probáculas; retículo endoplasmático nas zonas de abertura Primexina triestratificada e formação das probáculas; membrana plasmática aderida à calose nas zonas de abertura Formação dos orbículos na super¬fície extracelular, na zona peri¬plásmica formada entre a mem¬brana plasmática e a parede celu¬lar
Tétrade com calose III Retículo endoplasmático e dictiossomos abundantes na zona cortical Probáculas com zonas eletro¬densas e eletrotransparentes (formação de subunidades na exina)
Tétrade com calose IV Retículo endoplasmático fusionado com a membrana plasmática; gotas lipídicas na zona cortical do cito¬plasma Expansão do ápice das probá¬culas e aumento da sua eletro¬densidade; formação da camada basal (nexina 1); aparecimento do oncus nas aberturas, com túbulos eletrodensos "trilame¬lados" Dissolução total das paredes celulares radias e periclinal in¬terna

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Casa Arrumada - Carlos Drummond de Andrade




Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

"A VIDA é uma pedra de amolar; desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos."
(George Bernard Shaw) 1856-1950

II LLEDUC PARTICIPE!

II Encontro Interdisciplinar de Língua, Literatura e Educação
Polos Carpina e Pesqueira- EAD/UFRPE
13 de agosto de 2011
O II Encontro Interdisciplinar de Língua, Literatura e Educação – LLEDUC é um evento que visa contribuir para divulgação dos trabalhos produzidos pelos licenciandos do curso de Letras da UFRPE. O evento apresenta caráter interdisciplinar, promovendo as articulações entre as áreas de Língua, Literatura e Educação.
O evento será realizado nos polos de Carpina e Pesqueira, tendo em vista as seguintes formas de apresentação de trabalhos:
• Mesa redonda
• Comunicações orais
• Painel de Fotografias
• Sessão de pôster
• Apresentação de vídeos
• Recital Poético
• Oficinas
• Exposição de materiais didáticos

Objetivo Geral do Evento
Contribuir para a formação profissional dos licenciandos do curso de Letras a distância, considerando uma abordagem interdisciplinar e as conexões entre os conhecimentos teóricos produzidos nas disciplinas cursadas no semestre letivo e suas dimensões de aplicabilidade prática.

Atividades a serem desenvolvidas para o evento:
 Apresentação de trabalhos pelos cursistas;
 Mesa Redonda;
 Realização de oficinas pelos cursistas e professores;
 Edição de um caderno de socialização de experiências e outras produções (textos, artigos, pesquisa, etc).

1) Formas de apresentação dos trabalhos dos cursistas:
• Comunicações orais: nesta modalidade de apresentação, os participantes terão 15 minutos para apresentar seus trabalhos.
• Painel de fotografias: os participantes podem apresentar seus trabalhos, por meio da construção de um painel com registros fotográficos.
• Sessão de pôster: os participantes podem apresentar seus trabalhos por meio de pôsteres no formato de 90 cm por 120 cm, no sentido de socializar suas produções.
• Apresentação de vídeos: os participantes podem apresentar pequenos vídeos, utilizando os recursos do movie maker, a fim de socializar seus trabalhos.
• Exposição de materiais didáticos: Os participantes podem apresentar jogos, sequências didáticas, projetos, desenvolvidos nas escolas a partir das orientações das disciplinas do curso.




Importante:
• Os participantes deverão enviar os resumos de seus trabalhos para a coordenação do evento.
• Os trabalhos submetidos precisam indicar os nomes dos professores orientadores, considerando os professores executores e os respectivos tutores das disciplinas.

I I LLEDUC- Encontro Interdisciplinar de Língua, Literatura e Educação

Modelo de Resumo


TÍTULO DO TRABALHO


Autor XXXXXXX (e-mail)
Orientadores:
Prof. Executor: XXXXX
Tutores: XXXXX
Universidade Federal Rural de Pernambuco- UFRPE
Educação a Distância




Desenvolver o resumo sem parágrafos, fonte arial 12, espaçamento simples entre as linhas, considerando as fases de desenvolvimento da pesquisa científica: introdução, metodologia, resultados, conclusões. Não é preciso especificar essas fases no corpo do resumo, mas é importante que o texto apresente elementos indicadores da pesquisa. O resumo deverá ter no máximo 300 palavras. O título deverá estar em caixa alta, negrito, fonte arial, tamanho 14. Indicações de autores, e-mails e instituições também deverão estar em negrio, fonte arial, tamanho 12. Todo o corpo do resumo deve ser realizado em arial 12, espaçamento simples.



Palavras-chave: inserir (no máximo) três palavras-chave relacionadas com a temática abordada no texto.





2) Mesa Redonda
O tema da mesa redonda deve ser escolhido pelos professores, alunos e coordenação do evento.
Deve ser uma temática que amplie os conhecimentos e a curiosidade dos cursistas.
3) Oficinas – cursistas e professores
Propostas:
 Formadores oferecem oficinas aos cursistas;
 Formadores oferecem oficinas aos professores municipais e comunidade;
 Cursistas farão oficinas para crianças, adolescentes, jovens e idosos.
Orientações para cursistas e professores que irão ministrar as oficinas:
 Encaminhar à coordenação do evento proposta da oficina contendo: Título; ementa, justificativa, objetivos, etapas da oficina, equipamentos e materiais utilizados e o público alvo.
4) Caderno de Socialização
A socialização de experiências, os relatos de pesquisa, a produção de artigos e textos devem ser orientados e corrigidos pelos tutores e professores executores antes de serem encaminhados à coordenação do evento.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O professor na vitrine





Marketing Pessoal faz a diferença

Passaram-se anos, e ainda tenho em mente a imagem dos meus professores da rede pública estadual. Lembro-me bem da minha professora de Língua Portuguesa, Dona Marly, que se vestia de forma simples, mas muito elegante. A professora Estela, de Matemática, chamava a nossa atenção por sua harmoniosa postura física e atitudinal dentro e fora de sala de aula. E o professor de Francês, Eduardo, tinha uma aparência sempre impecável.

Embora de estilos diferentes, os três tinham algo em comum: passavam uma imagem positiva que ensinavam e cobravam dos alunos. Eles tinham como lema: “A prática é o melhor exemplo”.

Como formador de opinião, o professor é um referencial “modelo” para o aluno e, no exercício de sua profissão, ele mostra a sua imagem pessoal/profissional, representa a imagem do corpo docente e vende a da instituição escolar. É disso que trata o Marketing Pessoal, que, naquela época, não tinha identidade.

Seja por falta de conhecimento ou entendimento, preocupar-se com Marketing Pessoal como diferencial para o professor, ainda é uma idéia rejeitada por alguns profissionais da área.
Conhecer significados como também técnicas e ferramentas desse tipo de marketing é hoje uma importante estratégia de empregabilidade utilizada para o exercício de qualquer profissão. Para professores e profissionais da área de educação, o Marketing Pessoal faz parte do seu dia-a-dia. Dessa maneira, a sala de aula é considerada uma verdadeira “vitrine”.

Enquanto, para as organizações, marketing tem a ver com a conquista e manutenção de clientes, o Marketing Pessoal trata da imagem que você mesmo projeta no mercado, ou seja, você sendo o seu principal cliente, como você está e o que está fazendo por você mesmo, indo um pouco além, o que as pessoas irão perceber do que você projeta. O Marketing Pessoal não é algo que você tem ou não tem, como um dom ou talento; é um processo contínuo de conquista que gera, como conseqüência, o valor que você passa a ter no mercado (Reinaldo Passadori, 2003).

Segundo Neto (2001), o Marketing Pessoal não trata as pessoas como um objeto. Antes, valoriza o ser humano em todos os seus atributos, suas características e sua complexa estrutura física, intelectual e até espiritual. Para o autor, o Marketing Pessoal é uma nova disciplina que utiliza os conceitos e instrumentos do marketing em benefício da carreira profissional e da vida pessoal dos indivíduos, valorizando os seus diferenciais mercadológicos, suas vantagens competitivas, catalisando os processos que facilitam o melhor posicionamento de mercado possível. E, para consolidar seu conceito sobre Marketing Pessoal, o autor cita Philip Kotler, pai dessa ciência, que define Marketing Pessoal como sendo: “O processo que inclui a concepção, o planejamento e a execução de ações que viabilizem a projeção pessoal das pessoas e dos profissionais”.

Entrando num estudo mais detalhado de Passadori (2003), ele nos leva a concluir que a postura, a aparência, a indumentária, bem como a voz, a elegância e a confiança, junto com suas atitudes e seus comportamentos, é que formarão esse conjunto de fatores que comporão a sua imagem.

Seguindo essa linha de pensamento, podemos compreender o Marketing Pessoal como sendo uma forma de investimento pessoal, e, para isso, é válido analisar algumas dicas sobre esses fatores. Segundo Lívio Callado, iniciando pela postura, o autor afirma que ela corresponde a 90% do Marketing Pessoal. Refere-se ainda à postura como “equivalente à moldura de um quadro”. Segundo ele, podemos entender a postura classificando-a em dois tipos: física e atitudinal. Quanto às atitudes, muitas são uma agressão a você e aos outros. Ele exemplifica com pessoas que andam projetando a cabeça para o chão e com os ombros caídos. Nessa categoria de postura atitudinal, as pessoas não se sentem à vontade no mundo. Nesse caso, bem mais grave, as pessoas são problemáticas e infelizmente necessitam de ajuda especializada. Para o autor, manter a postura correta é uma forma de respeito às pessoas. Ele também chama a atenção para a importância da postura e recomenda atividades físicas como sendo importantes para o funcionamento do organismo: aumenta mais a resistência às doenças, descarrega as tensões, arruma os ombros e impõe ritmo e energia à forma de caminhar e se comportar.

Para tratar de aparência e elegância, necessariamente, temos que recorrer às normas de etiqueta e boas maneiras. Embora ainda exista muito preconceito, Lívio Callado, especialista no assunto, quebra esse paradigma, ressignificando as normas de etiqueta e boas maneiras como sendo necessárias para deixar que a pessoa saiba se comportar em qualquer ambiente, lidar com os outros, sentindo-se segura, confiante e agindo o mais natural possível. O autor lembra a regra número um do Marketing Pessoal: “Não basta você se achar maravilhoso, as pessoas também precisam achar”.

Espelhados nas orientações do autor, podemos entender que a elegância no vestir para o profissional professor ou professora é um investimento necessário. Para isso, é importante a preocupação com a adequação da roupa com o ambiente de trabalho e sempre se evitar os excessos, como roupas extravagantes, decotes ousados, micros saias, acessórios e maquiagem arrojada. Se a direção da escola optar por uma padronização e escolher “fardamento”, estes deve seguir as mesmas recomendações, somadas a uma boa conservação e troca de modelo sempre que possível, para fazer a diferença. O investimento deverá ser feito em roupas de bom tecido, corte moderno, caimento impecável e cores discretas; orienta o especialista. Quanto aos calçados, o investimento deve ser voltado para o conforto, porém, as professoras devem tomar cuidado com o uso ou não de saltos. Usar sandálias baixas, por melhor que seja a grife, compromete a postura e, conseqüentemente, a elegância. Para complementar o Marketing Pessoal, no tocante à aparência e elegância, o autor recomenda cuidados com os cabelos, indicando um bom corte, higiene com a pele e as unhas, sempre bem cuidadas e, para concluir, o uso de perfume discreto e adequado ao horário e ambiente.

Além da elegância, seu comportamento também faz parte da etiqueta social. Sendo assim, não podemos deixar de lembrar a importância das normas básicas de comportamento à mesa, em sua participação nos eventos, sejam profissionais ou pessoais, como: encontros pedagógicos, congressos, cursos de capacitação. Considerando que a etiqueta social hoje faz parte do currículo, o especialista no assunto recomenda um curso com profissional especializado.

Para tratar do fator comportamento, no Marketing Pessoal, o especialista inicia pela questão “convivência com os colegas de trabalho”. Se, para os profissionais em geral, esse fator é importante; para o professor, passa a ser uma exigência. No dia-a-dia do professor, ensinar aos alunos respeito mútuo, relacionamento transparente e clima harmonioso no ambiente escolar perpassa pela prática desse profissional e funciona como o efeito espelho. Portanto, caro professor, suas atitudes e seus comportamentos, fora e dentro do ambiente escolar, é o próprio ensino. Nesse caso, o autor lembra o uso das palavrinhas mágicas: “por favor”, “com licença” e “obrigado”, antes mesmo das cobranças para com os alunos. Ele ainda ressalta a importância e elegância dos cumprimentos, no dia-a-dia, como desejar um bom dia, um bom fim de semana e, se possível, naturalmente, lembrar os aniversários. Essas atitudes solidificam o relacionamento, promovem bem-estar, geram harmonia no trabalho e fortalecem as equipes.

Complementando as orientações sobre as atitudes comportamentais, o autor chama a atenção para a necessidade da leitura. Para ele, esta deve fazer parte do cotidiano do professor. Ler bons livros e revistas dá uma dimensão superior à sua competência. A leitura promove melhor raciocínio, você se expressa com mais facilidade, enriquece seu vocabulário e aprimora sua sensibilidade.

Sem a intenção de esgotar essa questão tão complexa, o autor conclui alertando os profissionais sobre a competência emocional e sua importância nos relacionamentos no ambiente de trabalho. E afirma que quem não é emocionalmente resolvido tem sérias dificuldades de construir relacionamentos. Em sua leitura, a instabilidade emocional transforma você em persona non grata, afastando assim as pessoas que não gostam de estar perto de pessoas negativistas e mal resolvidas. Para ele, a competência emocional deve ser perseguida como se fosse uma pós-graduação. E, para isso, o professor deve buscar ajuda em livros, cursos, filmes e terapias, sentencia o autor.

Para consolidar o entendimento do Marketing Pessoal, retomamos Neto (2001). Por analogia, podemos inferir que o mercado não absorve profissionais apenas por serem eficientes, bons trabalhadores, possuírem capital acadêmico ou experiência prática. Embora, ressalve-se sempre, isso tudo é imprescindível para posicionar-se bem no mercado de trabalho. Este abraça os profissionais que demonstram ser capazes de satisfazer as expectativas pessoais que cada cliente consumidor possui a respeito dos serviços que presta.

Frente a essa leitura, podemos compreender que, mesmo os profissionais de educação, cuja imagem consolidada é a de profissionais dedicados, missionários e, antes de tudo, apaixonados pelo que fazem, passem a se preocupar com seu Marketing Pessoal, para inclusão no mercado de trabalho.

Dentro dessa perspectiva, Reinaldo Passadori (2003) sugere alguns cuidados na busca e estruturação do Marketing Pessoal na profissão do professor:

Faça algo para promover a sua própria imagem, aproveitando as oportunidades que surgirem para mostrar o potencial que tem; quer seja de falar em público, escrever um artigo para um jornal ou uma revista, fazer uma palestra ou tomar decisões para realizar algo desafiante.

Conheça e amplie as suas próprias capacidades, fazendo cursos de especializações ou aperfeiçoamento. Hoje, se faz necessário um conhecimento de inglês e de espanhol e uma constante atualização em informática.

Realize, principalmente em atividades profissionais, aquilo que lhe dá prazer. Estará prestando um grande serviço a você mesmo e aos seus clientes por estar fazendo algo melhor, justamente porque lhe é prazeroso.

Imagine-se no futuro e veja você lá. Imagine-se realizado, com muito sucesso pessoal e profissional e muito feliz. Isso o ajudará a identificar o que precisa fazer hoje para conseguir o que se deseja amanhã.

Viva harmoniosamente com as incertezas e as surpresas. Elas fazem parte do processo da vida. Não se deixe abater por dúvidas, medos ou fraquezas.

Além das orientações acima, Passadori deixa para reflexão: “Procure, acima de tudo, pautar a sua vida por princípios e valores. Lembre-se de que o Marketing Pessoal é apenas um reflexo daquilo que você é, pensa e sente”.


Anita S. M. Pinheiro – Consultora Empresarial, graduada em Psicologia, pós-graduada em Formação de Educadores – UFRPE, Administração e Marketing – UFRPE.
E-mail: anitaspinheiro@terra.com.br

Referências Bibliográficas
Revista Vencer . Ano I - nº 6 – março, 2000 – Marketing Pessoal
Sites: http://www.carvalhoneto.com.br/pessoal_01.htm.
Texto adaptado – Marketing Pessoal por Reinaldo Passadori.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O texto na sala de aula: “um veículo social”




A produção textual na escola vem sendo um tema bastante discutido entre professores e estudiosos da língua. A maior problemática enfrentada por alguns mestres é que essas aulas estão se tornando um verdadeiro martírio para os discentes.
O que se percebe nas salas de aula nos últimos anos são alunos desmotivados e produzindo textos insignificantes, os quais não condizem com o contexto; pois, diversas vezes esses textos são escritos para apenas para o professor, que basicamente é o único interlocutor dessas atividades. Outro problema sério que atinge o universo escolar são as aulas de produção textual, as quais na maioria das vezes estão centralizadas na modalidade lingüística. O texto não possui uma utilidade social na escola, é uma mera atividade mecânica, na qual os alunos estão norteados e inquietos simplesmente em aprender os aspectos gramaticais.
Sabe-seque a escrita é essencial na vida dos discentes, todavia, deve ser feita de forma instigante, otimizante, e prazerosa. Dessa maneira se faz necessário que as aulas de produção textual sejam interativas, as quais possibilitem o intercâmbio desses textos como “um veículo social”. Segundo estudiosos da língua, como, por exemplo, o professor Mascushi , da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), dependendo do interlocutor, os alunos produzem bons textos.Um exemplo disso são as cartas, os bilhetes e as poesias que eles produzem, porque os alunos conhecem o interlocutor desses textos. E outro fato interessante é que os mesmos sabem a utilidade social destas produções textuais. Torna-se inútil ensinar os alunos a ler e escrever sem lhes oferecer ocasiões para o uso efetivo da língua, eficiente, criativo e produtivo dessas habilidades de leitura e escrita.
Diante das mudanças evolutivas que vêm acontecendo em todas as esferas: sociais, culturais, políticas e econômicas é imprescindível mudanças significativas nas aulas de produção textual, já que as mesmas estão estagnadas há algum tempo. As mudanças vão chegando em um ritmo alucinante e não se admite mais que essas aulas sejam ministradas através de exercícios fragmentados, descontextualizados, sem significado na vida prática dos alunos. O professor de Língua Portuguesa deve estar atento às mudanças, deve orientar inovar, criar e construir com seus alunos atividades, as quais possam torná-los produtores de textos interessantes. O Brasil, em pesquisa recente, ficou no último lugar nas questões de leitura e interpretação. Se eles não conseguem ler e interpretar como vão escrever bons textos? Por este motivo é que torna-se interessante atividades que desenvolvam criticidade, criatividade e o prazer para que os alunos possam se tornar cidadãos críticos e conscientes de seus direitos e deveres na sociedade.
O professor deve lembrar que o texto é “um veículo social” e os mesmos necessitam de uma atenção especial na escola. O que acontece muitas vezes é que a escola tem dificuldades de lidar com os erros. Há uma tendência em não aceitar que o aluno escreva errado. Há premiação para quem acerta anotação de parabéns, estrelas e carimbos. A escola teme que os erros sejam fixados e promove a imediata substituição pelo certo. O que o professor precisa saber é que também errando os alunos aprendem. Os erros diversas vezes são frutos de reflexões e, portanto, os mesmos demonstram como estão pensando. Lamentavelmente, grande parte da atrofia para produção de textos é causada pela escola. Os alunos passam anos na escola e escrevem pouco. Diante de tudo isso surge uma indagação: como esperar que o aluno produza textos sem escrever?
Baseados nessa concepção afirmam os estudiosos que práticas pedagógicas as quais não permitem a expansão argumentativa da expressão oral e escrita reproduzem um sistema monopolizador, no qual as pessoas são reprodutoras passivas de um conhecimento homogêneo; no entanto, se transformam o saber em fazer almejando uma autonomia que é o saber ser torna- se mais fácil à aprendizagem, a qual deve estar centrada em formar alunos que escrevam textos interpretáveis e coerentes, a fim de que as aulas de produção textual na escola deixem de ser um martírio e tornem-se aulas prazerosas e estimulantes.
Texto da Professora Neusa Amorim

sábado, 4 de junho de 2011

VALE A PENA SER PROFESSOR?




Ser professor há muito tempo atrás significava sinônimo de status, já nos dias atuais esse status não existe mais; a semântica mudou e a conotação passou a ser outra. O que sempre se escuta na atualidade é: ainda vale a pena ser professor? Essa interrogativa permeia a boca de muitas pessoas, até mesmo daquelas que não têm cultura, as quais ver o professor como um mísero profissional. A partir de tantos questionamentos sempre vem à tona uma pergunta: qual é a verdadeira função do professor na atualidade?
O professor no final do século XIX até os meados do XX tinha a função de formar o aluno para o mercado de trabalho, devido às necessidades que as indústrias tinham de contratar mãos- de- obra especializadas. Nesse período o mestre era o dono do conhecimento, não se contestava o que ele ensinava, o professor era o detentor do saber. De acordo com os estudiosos daquela época esse profissional da educação deixava de exercer a sua profissão, quando não proporcionava aos alunos as verdadeiras condições de inserção social.
O mestre era respeitado em toda a sociedade, o aluno quando saía da escola estava apto ao mercado de trabalho e era chamado de “indivíduo autêntico”. Todas as honras eram canalizadas ao professor. Os bons profissionais da época respeitavam o mestre, o qual até então era visto pela sociedade como um missionário, um filósofo, uma pessoa especial. Com o passar do tempo, no final do século XX a função do professor tomou um novo direcionamento, ele passou a ser chamado por alguns intelectuais daquele tempo de Profissionais da Educação; porque esses trabalhadores começaram a reinvidicar seus direitos perante à sociedade. Com estas buscas de melhorias muitos movimentos foram criados, vieram os movimentos sindicais organizados, os professores, muitos deles, deixaram à comodidade, conformidade de achar que já sabiam tudo e tornaram-se aprendizes, a fim de dar conta de seu trabalho, mais também os que sabiam um pouco mais em sala de aula, começaram a se questionar quanto à sua prática pedagógica. Os discentes já não eram mais os de antes, porque muitos deles passaram a ser investigadores e curiosos.
Dessa forma inúmeras vezes assitía-se a discursos nos quais alguns professores reclamavam não saber mais o que fazer em sala de aula. O professor Pedro Demo da Universidade de Brasília, UNB, caracteriza bem essa acepção. Ele diz que para dar conta de um mundo que muda cada vez mais rápido, não há nada mais pertinente do que saber pensar. ”O poder não tem medo de quem passa fome e, sim, de quem sabe pensar”. (...) diz o mestre.
No início deste século a função do professor, diante de tantos estudos e pesquisas feitas na área, é facilitar o processo Ensino-Aprendizagem, orientar, instigar, interagir, pesquisar e organizar com os discentes, parcerias nas novas tecnologias, as quais estão a favor da Educação. Vive-se hoje na “Era da Informação”, a sociedade passa por um momento complexo e o professor deve ter muito equilíbrio emocional e saber usar essas informações a fim de poder transformá-las em conhecimento. A educação e o professor são as peças principais na construção do conhecimento nesse novo tempo.
Com a globalização o mundo ficou pequeno, as tecnologias cada dia tornaram-se mais avançadas. Toda essa revolução desvirtua o professor a não parar, já que não há mais uma educação pronta, acabada. Por isso, se faz necessário que o mestre esteja sempre atento às mudanças, tenha em mente os objetivos quanto ao desenvolvimento de sua prática pedagógica, a fim de que ele não se torne o profissional que reproduz conhecimento, repete gestos, porque de acordo com o professor Milton Santos, “filósofo da geografia”, esse tipo de profissional está com os dias contados. Logo, vale a pena sim, ser professor, desde que ele esteja imbricado em se tornar um intelectual, o qual está sempre em busca do processo de crescimento profissional contínuo. Ele necessita agir com humildade de quem nem sempre tem a resposta pronta, que sabe ouvir, calar quando necessário, que sempre usa a lucidez para tomar as decisões corretas. Enfim, que é prudente e nessa prudência ele aprende interagindo com seu aluno no dia-a - dia na sala de aula.

Texto da Professora Neusa Amorim 01/06/2006.
Postado por neusa.falub@gmail.com às 15:23

terça-feira, 17 de maio de 2011

SOCIOLINGUÍSTICA



SOCIOLINGÜÍSTICA
A sociolingüística é a área da lingüística que estuda as relações entre linguagem e sociedade, pois os seres humanos vivem organizados em sociedades e são detentores de um sistema de comunicação oral, uma língua.
Língua e Sociedade
“Essa relação é mais profunda do que se imagina. A própria língua como sistema acompanha de perto a evolução da sociedade e reflete de certo modo os padrões de comportamento, que variam em função do tempo e do espaço. Inversamente, pode-se supor que certas atitudes sociais ou manifestações do pensamento sejam influenciadas pelas características que a língua da comunidade apresenta”.
SAUSSURE, Lingüística e Sociedade
A lingüística do século XX, com o início da tradição estruturalista (Saussure), teve um papel decisivo na questão da constituição da consideração da relação linguagem e sociedade.
Saussure reconhece a ligação entre língua e sociedade, mas não a assume como objeto de seus estudos lingüísticos. Ele define a língua, por oposição à fala, como objeto central da
Lingüística, tendo esta a tarefa de descrever o sistema formal da língua.
Para Saussure a língua é caracterizada como um produto social da faculdade da linguagem, isto é, a língua é um fato social, no sentido de que é um sistema convencional adquirido pelos indivíduos no convívio social.
Saussure institucionaliza uma distinção entre Lingüística Interna e Lingüística externa e, privilegiando o caráter formal e estrutural do fenômeno lingüístico afirma que: “o estudo dos fenômenos lingüísticos externos é muito frutífero; mas é falso dizer que sem estes não seria possível conhecer o organismo lingüístico interno”

O que é variação lingüística?
Para Cagliari, 1999, são as peculiaridades que a língua vai adquirindo com o tempo em função do seu uso por comunidades específicas. “Todas as variedades, do ponto de vista estrutural lingüístico, são perfeitas e completas entre si. O que as diferencia são os valores sociais que seus membros têm na sociedade.”

A sociolingüística está dividida em dois ramos, o norte americano e o europeu. Para o primeiro, variações lingüísticas são as diferenças dentro de uma mesma língua quanto ao uso, vocabulário, semântica. E, o ramo europeu considera como variação lingüística o dialeto. O que, para alguns lingüistas, é considerado outra língua.

Fichamento do texto: A Escola entre a Ciência e o Senso Comum, Marcos Bagno, 2007.

“...onde tem variação (lingüística) sempre tem avaliação (social).”
O autor coloca que nossa sociedade é extremamente hierarquizada e que os bens e valores culturais circulantes, incluindo a língua, também o são. Dessa maneira, a sua forma de falar diz à que camada social você pertence. O que torna a língua um poderoso instrumento de controle social, de promoção ou de humilhação, de inclusão ou de exclusão.
Mesmo sabendo que as formas nós vai e nós vamos são duas formas de dizer a mesma coisa, elas comunicam a origem social de quem fala, sua inserção maior ou menor na cultura letrada, sempre mais valorizada que a oral.

Ao professor cabe promover a reeducação sociolingüística, que é valer-se do espaço e do tempo escolares para formar cidadãos conscientes da complexidade da dinâmica social, das múltiplas escalas de valores que empregamos a todo momento em nossas relações com as outras pessoas por meio da linguagem.
Esse trabalho implica em levar o aluno a:
Entender que é possuidor de plena capacidade de expressão.
Tomar consciência da escala de valores existente na sociedade, mas sem levar a aceitação dessa discriminação nem à submissão a ela.
Ampliar o seu repertório comunicativo.
Conscientizar-se de que a língua é elemento de promoção social e também de repressão.
Inserir-se nas práticas de letramento.
Reconhecer a diversidade lingüística como uma riqueza da nossa cultura.
Bagno faz uma crítica ao uso inadequado das tiras do Chico Bento, dos sambas de Adoniran Barbosa e dos poemas de Patativa do Assaré para tratamento da variação lingüística. O uso apenas desses exemplos mostra que a variação lingüística é tratada como sinônimo de variedade regional, de pessoas não escolarizadas. Além disso, as falas desses personagens não são representações fiéis das variedades lingüísticas que veiculam, mas deve ficar claro que esse não é o problema já que são manifestações artísticas e não têm o compromisso científico.
O interessante seria levar os alunos a refletirem sobre a não fidelidade da transcrição que aparece nas tirinhas e que muitos traços ali presentes apareçam no meio urbano também.
O português brasileiro são três: uma norma padrão que ninguém fala, aquela da gramática. Um conjunto de variedades estigmatizadas e um conjunto de variedades prestigiadas.

Existem dois conjuntos de traços lingüísticos:
Traços graduais – presentes em todos os falantes (rôpa, pôco, ôro)
Traços descontínuos – presentes nos falantes das variedades estigmatizadas (teia, abêia, trabaia)
O conceito de erro: é sociocultural e depende da avaliação do meio que se está inserido. Para a lingüística o erro não existe, ele é um fenômeno passível de ser explicado por teorias lingüísticas.
“Certo e errado são conceitos pouco honestos que a sociedade usa para marcar os indivíduos e classes sociais pelos modos de falar e para revelar em que consideração os tem... Essa atitude da sociedade revela seus preconceitos, pois marca as diferenças lingüísticas com marcas de prestígio ou estigma.” (CAGLIARI, 1999)

sábado, 7 de maio de 2011

Helpdesk legendado português melhor qualidade

Mãe, Exemplo de Mulher Eyshila e Liz Lanne

"MULHER, MÃE: CHORA MAS CONTINUA CAMINHANDO!"



O título desta postagem é uma frase dita por uma secretária chamada Sandra às suas colegas de trabalho, quando tentavam se salvar de um incêndio ocorrido em edifício comercial no centro de Taubaté (SP), no dia 4 de fevereiro de 2.011. Ao se verem cercadas pelo fogo e pela fumaça tóxica, aquelas mulheres se desesperaram e, paralisadas, só gritavam e choravam muito. Num brado cheio de autoridade e determinação, Sandra disse àquelas mulheres que até podiam chorar, mas que continuassem caminhando. Foi o que fizeram e todas se salvaram.

Este fato me fez refletir sobre as tantas e tantas vezes que, direta ou indiretamente, o Senhor Deus me disse a mesma coisa, quando estive em meio a tribulações terríveis. Quantas vezes só chorei, sem forças para lutar e prosseguir! Quantas vezes me vi cercada por "labaredas", sem a menor visibilidade, sem saída nenhuma, mas em um dado momento a voz do Senhor me apontou o caminho, levantei os olhos, vi a saída e uma força sobre natural me fez reagir e dar a volta por cima!

Muitas vezes Deus usa pessoas ao nosso redor para nos transmitir o seu recado e devemos estar atentos a isto. Temos que diariamente pedir ao Senhor que nos dê o discernimento necessário para saber diferenciar o recado que vem dEle, porque o diabo nos assedia constantemente, trazendo palavras de derrota. Aquelas mulheres paralisadas e em desespero estavam sob o domínio do medo, uma sensação transmitida pelo diabo. Elas certamente morreriam ali, não fosse a intervenção de Deus, através de Sandra. Quando Deus fala, o diabo se cala, porque a voz do Senhor é forte e poderosa!

Então hoje aqui eu quero fazer como fez Sandra: Digo a todas vocês, minhas leitoras que eu amo tanto: VOCÊS PODEM ATÉ CHORAR, MAS CONTINUEM CAMINHANDO! Não entreguem os pontos, não desistam da luta, descruzem os braços, não se autoflagelem e nem vivam de murmurações, porque pra tudo há uma saída sempre.

Meditem na força que tem A VOZ DO SENHOR em SALMOS 29:

"Dai ao Senhor, ó filhos dos poderosos, dai ao Senhor glória e força.
Dai ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o Senhor na beleza da santidade.
A voz do Senhor ouve-se sobre as suas águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre as muitas águas.
A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de majestade.
A voz do Senhor quebra os cedros; sim, o Senhor quebra os cedros do Líbano.
Ele os faz saltar como um bezerro; ao Líbano e Siriom, como filhotes de bois selvagens.
A voz do Senhor separa as labaredas do fogo.
A voz do Senhor faz tremer o deserto; o Senhor faz tremer o deserto de Cades.
A voz do Senhor faz parir as cervas, e descobre as brenhas; e no seu templo cada um fala da sua glória.
O Senhor se assentou sobre o dilúvio; o Senhor se assenta como Rei, perpetuamente.
O Senhor dará força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com paz."

terça-feira, 3 de maio de 2011

AULAS DE LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO E SOCIOLINGUÍSTICA





NOSSAS ATIVIDADES




MONÓLOGO DE UM ESTUDANTE




"Não, eu não vou bem na escola. Esse é o meu segundo ano na sétima série e eu sou muito maior que os outros alunos. Entretanto, eles gostam de mim. Não falo muito na aula, mas fora da sala sei ensinar um mundo de coisas. Eles estão sempre me rodeando e isso compensa tudo que acontece na sala de aula.
Eu não sei porque os professores não gostam de mim. Na verdade eles nunca acreditam que a gente sabe alguma coisa, a não ser que se possa dizer o nome do livro onde a gente aprendeu. Tenho em casa alguns livros: dicionários, Atlas, livro de português, matemática, ciências e outros que a professora manda comprar. Mas não costumo sentar e ler todos, como mandam a gente fazer na escola.
Uso meus livros quando quero descobrir alguma coisa. Por exemplo, viajo sempre com meu tio, que é caminhoneiro. Quando ele me convida para fazer entrega no final de semana, vamos logo procurar num mapa rodoviário o caminho para chegar a outra cidade.
Mas, na escola, a gente tem de aprender tudo que está no livro, e eu não consigo guardar. No ano passado, fiquei uma semana tentando aprender os nomes dos imperadores romanos. Claro que conhecia alguns como Nero, César e Calígula. Mas é preciso saber todos juntos e em ordem. E isso eu nunca sei. Também não ligo muito, pois os meninos que estudam os imperadores têm aprender tudo o que eles fizeram. Estou na sétima série pela segunda vez, mas a professora agora não é muita interessada nos imperadores. Ela quer é que a gente aprenda tudo sobre as guerras gregas.
Acho que nunca conseguirei decorar nomes em História.
Este ano, comecei a aprender um pouco sobre caminhões porque meu tio tem três, e disse que posso dirigir um quando fizer dezoito anos. Já sei bastante sobre cavalo-vapor e marchas de cinco marcas diferentes de caminhão, alguns a diesel. É gozado como os motores a diesel funcionam. Comecei a falar sobre eles com a professora de Ciências na quarta-feira passada, quando a bomba que a gente estava usando para obter vácuo esquentou. Mas a professora não via a relação entre um motor a diesel e a nossa experiência sobre a pressão do ar. ]
Fiquei quieto. Mas os colegas pareceram gostar. Levei quatro deles à garagem do meu tio e como ele entende disso...
Eu também não sou forte em Geografia. Neste ano, eles falam em Geografia física. Durante toda a semana estudamos agricultura de roça no mundo tropical, sistemas agrícolas tradicionais, mas não sei bulhufas. Talvez porque faltei á aula, porque meu tio me levou a Ribeirão Preto com uma carga de televisão. Trouxemos de lá um carregamento de açúcar. Meu tio tinha me dito as estradas e as distâncias em quilômetros. Ele só dirigia o caminhão e eu ia lendo as placas com os nomes das cidades onde passávamos. Até Campinas contei um montão de fábricas e daí para frente era só canavial. Mas para que tanta cana em São Paulo?
Paramos duas vezes e dirigimos mais de 600 quilômetros, ida e volta. Estou tentando calcular o óleo e o desgaste do caminhão para ver quanto ganhamos.
Eu costumo contar minhas viagens para meus colegas da escola e eles gostam muito porque há sempre novidades. Gostaria de fazer minhas redações sobre as viagens que faço com meu tio, mas outro dia o tema da redação na escola era: "O que uma rosa leva na primavera". Não deu... Também não dou para Matemática. Parece que não consigo me concentrar nos problemas. Um deles era assim: "Se um poste telefônico com doze metros de comprimento cai atravessado em uma estrada, de modo que um metro e meio sobre um lado e um metro de outro, qual a largura da estrada?" Acho uma bobagem calcular a largura da estrada. Nem tentei responder, pois o problema não dizia se o poste tinha caído reto ou torto. Não vou bem em Educação para o Trabalho. Todos nós fizemos um suporte para pendurar plantas e a única mesa existente está sempre ocupada. Quis fazer uma caixa de ferramentas para o meu tio, mas a
professora não deixou, pois eu teria de trabalhar só em madeira. Acabei fazendo a caixa de ferramentas em casa e meu tio disse que economizou muito com o presente.
Meu pai disse que eu posso sair da escola quando fizer quinze anos. Estou doidinho para isso porque há um mundo de coisas que eu quero aprender a fazer e já estou ficando velho."

Depoimento adaptado de um aluno (transcrito do parecer do CFE nº 2164/78)

ATIVIDADES:
Questão 1: Você sente a mesma coisa em relação aos seus alunos?
Questão 2: Acontece este tipo de insatisfação com seus alunos?
Questão 3: Na sua escola anterior em que trabalhou, muitos alunos deixaram de estudar antes mesmo de concluir o Ensino Fundamental?
Questão 4: E hoje na que você está, isto vem acontecendo? Com que freqüência? Por quê?
Questão 5: A que causa você atribuiria esta fuga da escola?
Questão 6: O que você modificaria na escola? E na sua?
QUESTIONAMENTOS:
I . Como são as aulas de Língua Portuguesa em sua escola?
II . Em sua opinião, o que faltam a estas aulas, a fim de que se tornem boas? Justifique:
III . Você teve alguma surpresa em suas aulas de Língua Portuguesa enquanto professor(a)?
IV. Enumere 5 itens para que as aluas de Língua Portuguesa se tornem prazerosas.

sábado, 30 de abril de 2011

FALAR X COMUNICAR?



Marcos Bagno

3 de dezembro de 2010 às 16:54h

Falar é comunicar quem somos, de onde viemos, a que comunidade pertencemos

Existe na nossa cultura escolar, no que diz respeito ao ensino de língua, uma ideia muito entranhada e que precisa ser veementemente exposta e combatida. É a noção de que “o que importa é comunicar”, de que, “se a mensagem foi transmitida, tudo bem”, e coisas assim. Quero deixar bem claro aqui, logo de início, que não, não e não – essa é uma visão muito pobre e mesquinha do que é a língua e dos papéis sociais que ela exerce. Repetir essas ideias é algo extremamente prejudicial para uma boa educação linguística.

Essa ideia é uma deturpação violenta de teorias linguísticas sofisticadas, que, lidas pela metade ou só na superfície (quando são lidas!), se transformam em conceitos tomados como “verdades científicas” pelos que não se empenham em estudar mais a fundo. E, para piorar, serve de acusação contra os linguistas por parte de pessoas que pretendem, com isso, desqualificar o trabalho dos pesquisadores e tentar preservar a ferro e fogo uma concepção de “língua culta” obtusa, obscura e irreal.

A língua é muito mais do que um simples instrumento de comunicação. Ela é palco de conflitos sociais, de disputas políticas, de propaganda ideológica, de manipulação de consciências, entre muitas e muitas outras coisas. A língua nos leva a votar nessa ou naquela pessoa, a comprar tal ou qual produto, a admitir que determinado evento ocorreu de determinada maneira e não de outra, a aderir a uma ideia, e por aí vai, e vai longe… No mercado financeiro, por exemplo, tudo se faz por meio das palavras. Os títulos negociados na Bolsa de Valores não têm existência concreta, são mera abstração, dependem exclusivamente do que se diz ou do que se deixa de dizer: basta lançar um boato sobre uma empresa, dizendo que ela está para falir, e o valor das ações despenca. O que alguns chamam de “invasão” (de terras, por exemplo) outros chamam de “ocupação” (de áreas improdutivas). Onde alguns falam de “terrorismo” outros preferem falar de “revolução”. Para os fiéis de determinada religião, certos atos são “pecados”, enquanto para os de outra são perfeitamente justificados e bem-vindos. O que o governo americano chamou de “Guerra do Iraque” muitos analistas classificam simplesmente de “invasão”, já que os iraquianos não fizeram nada contra os Estados Unidos.

A língua é a nossa faculdade mais poderosa, é o nosso principal modo de apreensão da realidade e de intervenção nessa mesma realidade. Vivemos mergulhados na linguagem, não conseguimos nos imaginar fora dela – estamos mais imersos na língua do que os peixes na água.

Além disso, a língua é um fator importantíssimo na construção da identidade de cada indivíduo e de cada coletividade. Ela tem um valor simbólico inegável, é moeda de troca, é arame farpado capaz de incluir alguns e excluir muitos outros. É pretexto para exploração, espoliação, discriminação e até mesmo massacres e genocídios.

Por isso, não se pode admitir essa falácia de que “o importante é comunicar”. Abrir a boca para falar é se expor, inevitavelmente, aos julgamentos sociais, positivos e negativos, que configuram a nossa cultura. Falar é comunicar, sim, mas não “transmitir uma mensagem” como ingenuamente se pensa: é comunicar quem somos, de onde viemos, a que comunidade pertencemos, o quanto estamos (ou não) inseridos nos modos de ver, pensar e agir do nosso interlocutor.

Assim, numa sociedade, como a brasileira, tradicionalmente excludente e discriminadora, é fundamental que a escola possibilite a seus aprendizes o acesso ao espectro mais amplo possível de modos de expressão, a começar pelo domínio da escrita e da leitura, direito inalienável de qualquer pessoa que viva num país republicano e democrático. A leitura e a escrita, o letramento enfim, abrem as portas de incontáveis mundos discursivos, aos quais os aprendizes só vão ter acesso por meio da escolarização institucionalizada.

Por isso, não basta ter o que dizer. É preciso saber dizer o que se tem a dizer: saber usar os múltiplos recursos que a língua oferece para a interação social. E isso é função imprescindível da escola: ensinar a dizer.

A AGULHA E A LINHA



Um Apólogo

Machado de Assis


Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo?

— Deixe-me, senhora.

— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

— Mas você é orgulhosa.

— Decerto que sou.

— Mas por quê?

— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

— Você? Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu?

— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...

— Também os batedores vão adiante do imperador.

— Você é imperador?

— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe:

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!


Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59.

Conheça o autor e sua obra visitando "Biografias".

PRÁTICA REFLEXIVA E ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA





As atuais teorias lingüísticas e as propostas de ensino de Língua Portuguesa nas séries inicias apontam para o texto como objeto central de ensino. Nesse sentido, a prática de análise lingüística do texto se torna essencial para que o docente leve a efeito o texto como eixo de articulação e progressão curricular.

Nessa concepção, as atividades de leitura, produção de textos, análise lingüística e refacção textual passam a ser integradas, proporcionando aos alunos, orientações mais claras quanto à compreensão e produção de textos; e aos professores, o estabelecimento de critérios para a organização de sua prática pedagógica e a possibilidade de transposição didática. Entretanto, essa prática requer do professor o desenvolvimento de capacidades de percepção lingüística que promovam ação autônoma, crítica e ética.

Conforme Marcuschi (2004), a formação intelectual do aluno de Letras e demais cursos na área de Humanas deve estar voltada à formação para a competência e não para a simples competição no mercado. Assim, adotando-se o conceito de competência aplicada como capacidade de viver profissionalmente o que se sabe teoricamente é que os estudos atuais vêem o texto como o foco de todo o aprendizado. Ele é o centro de tudo...

Os estudos lingüísticos desenvolvidos atualmente operam com conhecimentos de outras ciências para dar conta de estudar criticamente a linguagem, formulando modelos teóricos no âmbito dos procedimentos de interpretação e produção lingüística. Silva (2007) destaca como questões recentes da Lingüística: a noção de conscientização lingüística, o “modo” de aprendizagem de línguas, a aprendizagem via interações dialógicas, os padrões de interação professor-aluno, a aprendizagem centrada no contexto e o professor como
pesquisador. O mestre deixa de ser o que sabe, mas o que aprende sempre.

Também Rojo (2008) apresenta uma metodologia transdisciplinar para fazer a análise enunciativa da aula dialogada, interativa como gênero escolar, propondo a relação entre o sistema de atividades que a constitui e o sistema de gêneros textuais (orais e escritos) que se alinham para promover uma dada intenção enunciativa. Assim, ao estudar a enunciação de uma aula dialogada, a pesquisadora descreve as vozes em conflito do autor de um texto lido por um aluno e da professora, que, numa atitude bastante comum na prática docente, interrompe-o para comentar o texto; entretanto, fica evidente que ela desvirtuou o sentido do texto.

Atualmente as aulas de Língua Portuguesa deixam de ser meramente aulas de gramática e passam a ser aulas de várias linguagens e de diversos gêneros textuais, entre eles os mais usados na mídia: os gêneros textuais vieram para ficar. São usados em todos os lugares de comunicação e em todas as situações comunicativas. Faz-se necessário ao professor atualizar-se, a fim de que não fique a mercê da aprendizagem meramente bancária que não tem mais respaldo diante de tantas mudanças tecnológicas. O mundo mudou e a escola também necessita mudar e acompanhar o que está em sua volta.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO



Essa imagem ilustra bem o conceito de letramento. É abrir as portas e janelas do mundo por meio da leitura, da oralidade e ser capaz de se relacionar bem nas diversas práticas sociais.

"Letramento é, sobretudo, um mapa do coração do homem, um mapa de quem você é, e de tudo que pode ser. "
Magda Soares

O tema foi iniciado pela professora Rosineide Magalhães (CFORM/UnB). Vimos primeiro que a leitura e a escrita devem ser concebidas dentro de práticas sociais, tornando o aluno capaz de participar de sua comunidade de forma efetiva.


Conceitos:

Letramento: conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso de diferentes tipos de material escrito. HOUAISS, 2004

Alfabetização: é um processo dentro do letramento e, segundo Magda Soares, é a ação de ensinar/aprender a ler e a escrever.

A criança, mesmo não alfabetizada, já pode ser inserida em um processo de letramento. Pois, ela faz a leitura incidental de rótulos, imagens, gestos, emoções. O contato com o mundo letrado é muito entes das letras e vai além delas. Sendo assim chegamos à seguinte pergunta:

Para que serve a escrita então?

Segundo a professora Rosineide Magalhães, no texto “Letramento como Prática Social”, a escrita e a leitura são consumidas, hoje, pelas pessoas como meio de sobrevivência, com o objetivo de formação acadêmica, profissional, integração e interação social, resolução de problemas cotidianos, condição de entender o mundo e suas tecnologias.

Há diferentes tipos de letramentos associados a diferentes domínios sociais, por exemplo: letramento tecnológico, literário, religioso. O letramento autônomo é aquele que acontece somente dentro da escola, desvinculado do mundo. Tais formas estão incluídas ou no letramento formal, legitimado; ou no informal, incidental.

Para aprofundamento teórico utilizamos um material do livro Letramento: um tema em três gêneros de Magda Soares. A autora coloca três perguntas ao longo do texto e mostra vários exemplos para levar a compreensão do termo letramento. São elas:

Qual é o significado dessa palavra letramento?

Por que surgiu essa nova palavra, letramento?

Onde fomos buscar essa nova palavra, letramento?


Preparei o material da aula na tutoria respondendo tais questionamentos. Coloquei também o letramento na educação infantil, que se dá basicamente por meio da oralidade e das múltiplas linguagens.


Slides: Letramento na EI



Em outro momento trabalhamos com o texto: A Organização de Atividades Culturalmente Significativas de Zilma Ramos de Oliveira, para tratar do trabalho pedagógico com múltiplas linguagens. Nós lemos o texto e respondemos o seguinte roteiro de trabalho:



1 - Identifique as diferentes linguagens presentes nas atividades da educação infantil.
Linguagens corporal, plástica, musical, dramática, oral, escrita, natural, emocional.

2 - Como podemos organizar as linguagens no currículo da educação infantil?
Devem-se prever momentos e atividades, no cotidiano escolar, que contemplem todas as linguagens. Fazendo com que a criança se torne capaz de utilizar com eficiência as diferentes formas de se comunicar. Na educação infantil o currículo deve ser flexível e pensado a partir daquilo que se constitui o meio de desenvolvimento da criança e das praticas sociais que ali acontecem.

3 - O jogo na educação infantil constitui diferentes linguagens? Reflita e argumente.

Sim, o jogo é constituído pelas linguagens corporal, simbólica, oral, dentre outras. Isso proporciona o desenvolvimento de processos psicológicos como a memória e a capacidade de se expressar utilizando as diversas linguagens.



4 - Estabeleça a relação jogo x desenvolvimento da criança x linguagem.

Piaget descreve as fases do jogo:

Jogos de exercício sensório motor: Simples exercícios motores por prazer.

Jogos simbólicos: Meio de assimilação do real e de auto-expressão. Satisfazer o eu por meio da transformação do real em função de seus desejos (liquidação de conflitos, compensação de necessidades não satisfeitas, inversão de papéis).
Jogos de regras: Conduta lúdica que supõe relações sociais claras, pois a regra é uma ordenação, uma regularidade imposta pelo grupo, sendo que sua violação é considerada uma falta.

Com a teoria de Piaget percebemos que o desenvolvimento acontece na interação da criança com o ambiente que o cerca. Mais precisamente, com a intervenção, a ação do sujeito nesse processo. No jogo, a criança experimenta seu meio, as relações sociais ali existentes e formula hipóteses sobre o funcionamento da língua e as testa em novos encontros sociais.




No encontro com a professora Márcia Gondim, fizemos a técnica da tempestade de idéias com os conceitos de letramento e alfabetização.

Alfabetização
Ensinar o código escrito
Signos e seus significados
Ensinar a leitura
Codificação e decodificação
Participação em um mundo desconhecido

Letramento
Refletir, interpretar
Leitura e compreensão de textos
Leitura de mundo
Função social
Respeito às diferenças culturais
Práticas sociais que utilizam a escrita
Libertação, construção da autonomia

Na exposição teórica, Márcia abordou pontos que serviram de base para reformular as idéias colocadas no início e construir nossos próprios conceitos. São eles:



Competência lingüística: todo falante nativo de uma língua possui, é a capacidade de se comunicar adquirida culturalmente.

Competência comunicativa: é a capacidade de transitar em diferentes domínios sociais, é adquirida na escola.

O papel da escola é trabalhar a competência comunicativa sem desvalorizar a cultura do aluno, aquilo que traz de seu meio social. Mostrar as diferentes formas de falar.

A escola é o ambiente de letramento e o professor é o agente.

Quanto à fala não existe certo ou errado, existe o adequado ou inadequado a determinadas situações.

Ratificação da fala: repetir de acordo com a norma padrão sem constranger.

Para cada contexto social temos uma forma de falar.

No processo de educação acontece a transposição da cultura do lar para a escolarizada, elas se somam na escola.

Para Magda Soares alfabetismo é outro termo para designar letramento.

O conceito de alfabetização para Magda Soares é restrito, refere-se apenas ao aprender/ensinar a ler e escrever. Já Emília Ferreiro coloca que não precisa usar outro termo (no caso letramento) para designar algo que já deveria estar dentro do processo de alfabetização.


Na aula estidamos o texto Alfabetização e Letramento: Caminhos e descaminhos de Magda soares. Eu trabalhei especificamente com minhas turmas as facetas da aprendizagem da leitura e da escrita. Após a explicação as cursistas identificaram cada uma das facetas em algumas atividades práticas descritas nos fascículos do Módulo 3.



Facetas da aprendizagem da leitura e da escrita:

1 - Faceta fônica: envolve o desenvolvimento da consciência fonológica, imprescindível para que a criança tome consciência da fala como um sistema de sons e compreenda o sistema de escrita como um sistema de representação desses sons, e a aprendizagem das relações fonema-grafema e demais convenções de transferência da forma sonora da fala para a forma gráfica da escrita.

2 - Faceta da leitura fluente: exige o reconhecimento holístico de palavras e sentenças.

3 - Faceta da leitura compreensiva: supõe ampliação de vocabulário e desenvolvimento de habilidades como interpretação, avaliação, inferência, entre outras.

4 - Faceta da identificação e uso adequado das diferentes funções da escrita, dos diferentes portadores de texto, dos diferentes tipos e gêneros de texto.

Na tutoria, promovemos uma palestra com a professora Madalena Torres sobre alfabetização e letramento, cujo material está disponibilizado abaixo:


Slides: Alfabetização e Letramento


Conceitos de letramento:

Do ponto de vista social, o letramento é um fenômeno cultural relativo às atividades que envolvem a língua escrita. A ênfase recai nos “usos, funções e propósitos da língua escrita no contexto social” (SOARES, 2006).



“Processo de inserção e participação na cultura escrita”. (VAL, 2006)


“Compreensão e uso efetivo da língua escrita em práticas sociais diversificadas”. (Ibid)


“Possibilidades de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita” (Ibid)


“Saber utilizar a língua escrita nas situações em que esta é necessária, lendo e produzindo textos” (BATISTA, 2003 in VAL, 2006, p. 19).


“Conjunto de conhecimentos, atitudes e capacidades, necessário para usar a língua nas práticas sociais” (BATISTA, 2003 in VAL, 2006, p. 19).

“... entendido como o desenvolvimento de comportamentos e habilidades de uso competente da leitura e da escrita em práticas sociais” (SOARES, 2004).

“O letramento abrange o processo de desenvolvimento e o uso dos sistemas da escrita nas sociedades, ou seja, o desenvolvimento histórico da escrita refletindo outras mudanças sociais e tecnológicas, como a alfabetização universal, a democratização do ensino, o acesso a fontes aparentemente ilimitadas de papel, o surgimento da internet.” (KLEIMAN, 2005).

Conceitos de alfabetização:

“Processo específico e indispensável de apropriação do sistema da escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilitem ao aluno ler e escrever com autonomia” (VAL, 2006, p. 19).


“A alfabetização diz respeito à compreensão e ao domínio do chamado código escrito, que se organiza em torno de relações entre a pauta sonora da fala e as letras (e outras convenções) usadas para representá-la, a pauta, na escrita” (VAL, 2006, p. 19).


“A alfabetização se ocupa da aquisição da escrita por um indivíduo ou grupo” (BATISTA, 006)



Fichamento do livro: Alfabetizar e Letrar de Marlene Carvalho


Textos:

Alfabetização e Letramento: Caminhos e Descaminhos - Magda Soares
Práticas de Letramento na Educação Infantil: O Trabalho Pedagógico no Contexto da Cultura Letrada - Cecília Goulart



Livro:

Letramento: um tema em três gêneros – Magda Soares