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segunda-feira, 31 de maio de 2010

A didática do professor ruim...



A didática do professor ruim...

Inácio Feitosa

O professor ruim está em toda parte. Com certeza estará lendo esse artigo e já começa a se preocupar com o que vem adiante. Não se preocupe! Ao final, você saberá o que não fazer na sua próxima aula. Prometo!

Entretanto, pior do que um professor ruim, somente vários professores ruins em uma mesma turma. Esse assunto é tão importante que o MEC deveria exigir das instituições de ensino que colocassem nas salas dos professores: “O MEC ADVERTE: PROFESSOR RUIM É PREJUDICIAL À FORMAÇÃO DO EDUCANDO!”

Vou focar minha análise na educação superior, mas muitos conceitos a seguir aplicam-se a educação básica também. Mas, nas faculdades, nos centros universitários e universidades, essa praga é maior, pois a LDB/1996 não exige dos docentes uma formação prévia para o exercício da docência. Entende-se que, possuindo cursos de pós-graduação, o sujeito pode ser professor.

É verdade que os programas de pós-graduação stricto senso, em sua maioria, não introduzem a disciplina de didática do ensino superior em sua estrutura curricular. Raras exceções nos cursos de educação. Por isso, cursos como direito, administração, engenharias, e os de saúde possuem profissionais do ensino sem uma formação docente específica. Desconhecem as noções básicas de didática, chegam a uma sala de aula acreditando que poderão ser içados à condição de docentes.

Um professor ruim ignora o que venha a ser didática. Sendo esta a “arte de ensinar”, é preciso que o candidato à docência no ensino superior tenha mínima noção dessa importante ciência. Devendo buscar sua formação em cursos de especialização, mestrados e doutorados que apresentem tais conteúdos em seus projetos curriculares. Ou, pelo menos, a leitura de livros sobre o tema.

Lamentavelmente, existem docentes que entram em sala de aula sem elaborar um plano de ensino da disciplina; um plano de aula e principalmente sem esclarecer aos seus alunos os conteúdos da disciplina que irão ministrar. Os objetivos da disciplina não são repassados, pois não tinham atentado para essa questão. A bibliografia a ser utilizada em sala de aula não reflete a realidade de seu curso, pois muitas vezes sequer participam das reuniões do departamento por acreditar que não somará nada à sua atividade (ou não dispõem de tempo suficiente para participar das sessões). Desconhece a realidade de seu curso e de sua instituição. E ainda indicam livros, que não solicitaram ao seu coordenador e, que não constam na biblioteca de sua faculdade, trazendo dores de cabeça para a instituição.
O professor ruim não possui critérios para a avaliação dos alunos. Para ele avaliar é a fase mais divertida de sua aventura acadêmica, posto que terá um instrumento para intimidar seus alunos e, assim, confia que poderá “controlá-los”. E quem sabe até ser homenageado na colação de grau, pois poderá flexibilizar suas exigências. Tornando-se “bonzinho”.

O “bom professor ruim” (desculpem a contradição, mas é verdade) acredita ser o centro das atenções em sala de aula. Foca suas energias no ensino, desprezando a aprendizagem. Não é inovador e não desperta em seu público o interesse pela matéria. Suas aulas são monótonas, cansativas, não havendo interação com a turma. Renovando esse perfil a cada semestre. E o pior: ainda chega atrasado à aula e a termina antes do tempo previsto.

O professor ruim transforma-se em um replicador de leituras. Leu em casa e passa para os alunos no outro dia. Esquece que a geração orkut chega à aula com milhares de mega bits de informações. A arrogância e a criação de barreiras na relação com o alunado fazem parte de sua personalidade. Evidencia maior que o docente está despreparado para exercer com maestria a arte de ensinar.

Esse perfil de professor não sabe nem portar-se em sala. Fala baixo; escreve muito no quadro; é desorganizado; não instiga os alunos a participarem das aulas; usa tecnologias, de maneira errada (professor data-show), para passar o tempo de sua aula; não realiza chamada; não registra nos diários de classe os conteúdos ministrados e repete a mesma aula da semana anterior. Ele é o caos... No final do ano ele será dispensado, pois não saiu do padrão acima.

Inácio Feitosa é advogado e mestre em Educação pela UFPE.

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